A
palavra sociologia deriva de um hibridismo, isto é, do latim socius
(associação, sociedade) e do grego logos (razão, estudo, tratado sobre alguma
coisa). A palavra foi criada pelo filósofo francês Augusto Comte e está contida
em sua obra fundamental: Curso de Filosofia Positiva. Etimologicamente,
portanto, sociologia significa estudo da sociedade. O sentido que de fato
importa para a sociologia é o que sempre envolve interação social. Este
conceito supõe que toda relação social implica ação recíproca, ação entre dois
ou mais agentes. É somente nesses casos que consideramos em sociologia a
existência de relações sociais relevantes, a existência de um grupo ou fato
social que importa sociologicamente investigar.
Na verdade, a sociologia,
desde o seu início, sempre foi algo mais do que uma mera tentativa de reflexão
sobre a sociedade moderna. Suas explicações sempre contiveram intenções
práticas, um forte desejo de interferir no rumo desta civilização. Se o
pensamento científico sempre guarda uma correspondência com a vida social, na
sociologia esta influência é particularmente marcante. Os interesses econômicos
e políticos dos grupos e das classes sociais, que na sociedade capitalista
apresentam-se de forma divergente, influenciam profundamente a elaboração do
pensamento sociológico.
O seu surgimento ocorre num
contexto histórico específico, que coincide com os derradeiros momentos da
desagregação da sociedade feudal e da consolidação da civilização capitalista.
A sua criação não é obra de um único filósofo ou cientista, mas representa o
resultado da elaboração de um conjunto de pensadores que se empenharam em
compreender as novas situações de existência que estavam em curso.
As transformações econômicas,
políticas e culturais que se aceleram a partir dessa época colocarão problemas
inéditos para os homens que experimentavam as mudanças que ocorriam no ocidente
europeu. Cada avanço com relação à consolidação da sociedade capitalista
representava a desintegração, o solapamento de costumes e instituições até
então existentes e a introdução de novas formas de organizar a vida social. A
utilização da máquina na produção não apenas destruiu o artesão independente,
que possuía um pequeno pedaço de terra, cultivado nos seus momentos livres.
Este foi também submetido á uma severa disciplina, a novas formas de conduta e
de relações de trabalho, completamente diferentes das vividas anteriormente por
ele.
É evidente que a situação de
miséria também atingia o campo, principalmente os trabalhadores assalariados,
mas o seu epicentro ficava, sem dúvida, nas cidades industriais.
Um dos fatos de maior
importância relacionados com a revolução industrial é sem dúvida o aparecimento
do proletariado e o papel histórico que ele desempenharia na sociedade
capitalista. Os efeitos catastróficos que esta revolução acarretava para a
classe trabalhadora levaram-na a negar suas condições de vida.
As manifestações de revolta dos trabalhadores
atravessaram diversas fases, como a destruição das máquinas, atos de sabotagem
e explosão de algumas oficinas, roubos e crimes, evoluindo para a criação de
associações livres, formação de sindicatos etc.
A conseqüência desta crescente organização foi
a de que os "pobres" deixaram de se confrontar com os
"ricos"; mas uma classe específica, a classe operária, com
consciência de seus interesses, começava a organizar-se para enfrentar os proprietários
dos instrumentos de trabalho. Nesta trajetória, iam produzindo seus jornais,
sua própria literatura, procedendo a uma crítica da sociedade capitalista e
inclinando-se para o socialismo como alternativa de mudança.